- Elos Fortes por Sheila Sampaio
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- đ Por que ainda vemos valor na puniçaÌo?
đ Por que ainda vemos valor na puniçaÌo?

Um conceito da Disciplina Positiva aplicado ao contexto organizacional e às nossas relaçÔes.
O que me fez refletir sobre este tema foi uma frase de Jane Nelsen â especialista em Disciplina Positiva, que fala sobre o foco nos pontos positivos do comportamento infantil, auxiliando pais e educadores.
A frase Ă© a seguinte:
âDe onde tiramos a absurda ideia de que, para que as crianças se comportem melhor, primeiro devemos fazĂȘ-las se sentir pior?â
Não sou uma especialista em comportamento infantil, mas fui criança e fui criada sob esses preceitos de punição, então sinto que posso falar sobre isso. E, mais do que falar, sinto que muitas vezes repliquei este modelo, e não apenas com meu filho, mas com as pessoas do meu time: usando a punição como ferramenta para melhores resultados.
Se projetarmos essa mesma frase para nossos ambientes corporativos (peço licença à Jane), ela poderia ficar assim:
âDe onde tiramos a absurda ideia de que, para que os colaboradores se comportem melhor, primeiro devemos fazĂȘ-los se sentir pior?â
E aqui me refiro a todos os momentos em que falta empatia, inteligĂȘncia emocional, autoconfiança, segurança e todo um rol de habilidades para lidar com situaçÔes difĂceis, e quando a hierarquia e o poder se sobressaem, rolando aquele feedback atravessado, aquele puxĂŁo de orelha em pĂșblico e aquela exposição do erro totalmente desnecessĂĄria.
âVocĂȘ errou. Errar Ă© ruim. E, para que vocĂȘ nunca mais erre, precisa se sentir mal pelo seu erro. Agora guarde todos esses sentimentos ruins que eu fiz questĂŁo que vocĂȘ sentisse e venha acertar, ser inovador e contribuir com os resultados da empresa.â
Hoje eu, depois de um longo percurso de estudos, pesquisas e prĂĄtica, conscientizei a falta de coerĂȘncia que existe em gerar sentimentos negativos esperando resultados positivos.
Talvez jĂĄ tenhamos evoluĂdo para o ponto de percebermos que punir crianças nĂŁo seja a melhor estratĂ©gia. E Ă© chegada a hora de percebermos que punir adultos provavelmente tambĂ©m nĂŁo seja.
