đź”— Primeiro eu, depois eu, sempre eu

Primeiro eu, depois eu, sempre eu

Em algum momento o ser humano entendeu que precisava se cuidar — olhar para as próprias necessidades, atentar para as suas saúdes (física, mental, emocional), se priorizar. E fez muito bem.

Mas o viés de confirmação cola fácil no humano: escutamos e guardamos a parte que nos agrada, e esquecemos o restante. O discurso do autocuidado, então, ganhou contornos de egoísmo elegante — aquele que se disfarça de evolução pessoal.

O que era para ser equilíbrio virou exagero. “Primeiro você” e “Cuide-se” são princípios saudáveis e necessários. Já “Sempre você” e “Dane-se os outros” são distorções perigosas.

Há uma diferença imensa entre se colocar em primeiro lugar e se colocar acima dos outros. O primeiro gesto é de autoconsciência; o segundo, de arrogância.
Cuidar de si nĂŁo significa se blindar do mundo, mas encontrar formas mais maduras de se relacionar com ele.

A intolerância ao esforço

Junto com essa supervalorização do “se priorizar”, nasceu também uma baixa tolerância ao esforço.

Tudo o que exige paciência, diálogo, persistência ou desconforto passou a ser visto como algo errado, pesado, tóxico.

Mas crescer dá trabalho. Relacionar-se dá trabalho. Conviver dá trabalho. Trabalhar dá trabalho. E o amadurecimento emocional vem justamente da capacidade de permanecer, de ajustar, de construir — mesmo quando é difícil.

A ideia de que “tudo precisa ser leve” nos tornou impacientes com os processos e intolerantes com as pessoas.

Queremos relações sem atritos, conversas sem incômodos, equipes sem divergências. Esquecemos que é do atrito que nasce a lapidação — de ideias, de vínculos, de caráter.

Cuidar de si não é fugir do desconforto. É aprender a lidar com ele de forma saudável.
Nem tudo que Ă© difĂ­cil Ă© ruim; Ă s vezes, Ă© justamente o que Ă© difĂ­cil que nos faz evoluir.

O retorno ao equilĂ­brio

O excesso de foco em si mesmo cria um tipo de vazio confortável: não dói, mas também não constrói.

Vivemos um tempo em que o “me priorizo” virou justificativa para abandonar o que exige esforço, como se maturidade emocional fosse sinônimo de preservar-se a qualquer custo.

Mas o verdadeiro equilíbrio está em se cuidar sem se fechar, e em se proteger sem se isolar. É possível dizer não sem fugir, discordar sem romper, preservar-se sem desistir.

Autocuidado é o ponto de partida, não o destino. A verdadeira evolução começa quando o “eu” amadurece o suficiente para incluir o “nós”.

Você já conhece meu Podcast Elos Fortes? Clica aqui e escute agora mesmoUma competência tão valorizada quanto a empatia: saber ouvir