- Elos Fortes por Sheila Sampaio
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Primeiro eu, depois eu, sempre eu
Em algum momento o ser humano entendeu que precisava se cuidar — olhar para as prĂłprias necessidades, atentar para as suas saĂşdes (fĂsica, mental, emocional), se priorizar. E fez muito bem.
Mas o viĂ©s de confirmação cola fácil no humano: escutamos e guardamos a parte que nos agrada, e esquecemos o restante. O discurso do autocuidado, entĂŁo, ganhou contornos de egoĂsmo elegante — aquele que se disfarça de evolução pessoal.
O que era para ser equilĂbrio virou exagero. “Primeiro você” e “Cuide-se” sĂŁo princĂpios saudáveis e necessários. Já “Sempre você” e “Dane-se os outros” sĂŁo distorções perigosas.
Há uma diferença imensa entre se colocar em primeiro lugar e se colocar acima dos outros. O primeiro gesto é de autoconsciência; o segundo, de arrogância.
Cuidar de si nĂŁo significa se blindar do mundo, mas encontrar formas mais maduras de se relacionar com ele.
A intolerância ao esforço
Junto com essa supervalorização do “se priorizar”, nasceu também uma baixa tolerância ao esforço.
Tudo o que exige paciência, diálogo, persistência ou desconforto passou a ser visto como algo errado, pesado, tóxico.
Mas crescer dá trabalho. Relacionar-se dá trabalho. Conviver dá trabalho. Trabalhar dá trabalho. E o amadurecimento emocional vem justamente da capacidade de permanecer, de ajustar, de construir — mesmo quando Ă© difĂcil.
A ideia de que “tudo precisa ser leve” nos tornou impacientes com os processos e intolerantes com as pessoas.
Queremos relações sem atritos, conversas sem incĂ´modos, equipes sem divergĂŞncias. Esquecemos que Ă© do atrito que nasce a lapidação — de ideias, de vĂnculos, de caráter.
Cuidar de si não é fugir do desconforto. É aprender a lidar com ele de forma saudável.
Nem tudo que Ă© difĂcil Ă© ruim; Ă s vezes, Ă© justamente o que Ă© difĂcil que nos faz evoluir.
O retorno ao equilĂbrio
O excesso de foco em si mesmo cria um tipo de vazio confortável: não dói, mas também não constrói.
Vivemos um tempo em que o “me priorizo” virou justificativa para abandonar o que exige esforço, como se maturidade emocional fosse sinônimo de preservar-se a qualquer custo.
Mas o verdadeiro equilĂbrio está em se cuidar sem se fechar, e em se proteger sem se isolar. É possĂvel dizer nĂŁo sem fugir, discordar sem romper, preservar-se sem desistir.
Autocuidado é o ponto de partida, não o destino. A verdadeira evolução começa quando o “eu” amadurece o suficiente para incluir o “nós”.
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